Não é exagero nenhum dizer que nossos pets se parecem muito com a gente. E não estou dizendo apenas do fato que muitos animais domésticos acabam adquirindo alguns traços da personalidade do seu dono.
Eles se parecem muito com os seres humanos até nas doenças. Você sabia, por exemplo, que cães podem sofrer também de pseudociese, vulgo gravidez psicológica?
E é sobre essa enfermidade que vamos falar hoje.
Por que acontece a pseudociese?
Apesar de ser uma situação um pouco incômoda, a pseudociese ou falsa gestação é algo muito comum e isso se deve aos processos naturais do corpo do animal, neste caso, o ciclo reprodutivo. É ele o responsável pela lactação nervosa.
Além desse processo natural, outra situação que pode estimular esse quadro são inflamações ou lesões nas glândulas mamárias.
E não é um quadro que acomete todos os animais. Enquanto nas gatas é algo muito incomum – pois nessa espécie a ovulação da fêmea acontece apenas no momento da cópula -, nas cadelas é algo mais comum, afetando cerca de 70% das cadelas, pelo menos uma vez na vida.
Normalmente esse mazela se desenvolve entre seis a quatorze semanas após o estro, conhecido também como cio. E ocorre mesmo que o animal não tenha copulado.
Quais são as características e sintomas?
O principal ponto que deve ser observado pelo tutor é o comportamento, mais precisamente a mudança deste.
A fêmea age como se realmente estivesse prenha, esperando a chegada dos seus filhotes. Por conta disso, a cadela começa a construir “ninhos”, preferencialmente com materiais macios, como roupas e panos.
Outro mudança muito comum é que ela adote uma postura mais agressiva, protetora, ficando arisca, algo bem comum nas mamães de todas as espécies.
Além da mudança psicológica, é possível notar, igualmente, sinais físicos como:
- Aumento de uma ou mais glândulas mamárias por conta de uma lesão –
hiperplasia mamária;
- Inchaço na barriga;
- Ganho de peso;
- O cão passa a lamber mais as mamas;
- Secreção esbranquiçado – lactação – nas mamas;
- Dor nas mamas;
- Falta de apetite;
- Secreção vaginal.
É comum que os sintomas físicos apareçam durante a fase chamada de lútea ou diestro. Neste período, o cão acaba tendo uma queda seguida de um aumento de dois hormônios, os principais responsáveis por esse distúrbio: prolactina e progesterona.
Infelizmente, não é um quadro com sintomas físicos evidentes, apesar de ser possível, como citado acima. Em casos em que eles não aparecem, o tutor só percebe a doença depois do “parto”, que é quando a cadela acaba adotando um objeto ou mesmo outro animal e passa a cuidar e proteger ele.
Como identificar uma gravidez psicológica?
Como dito, é uma doença que não costuma ter sinais físicos, podendo ser difícil de identificar.
Sendo assim, é preciso que o tutor preste muita atenção, conheça bem o comportamento do seu pet, pois é por meio dele – uma das formas – que o veterinário vai chegar a um diagnóstico.
Além do comportamento, o profissional observa também sinais físicos, se tiver, e realizar exames físicos, principalmente a palpação do abdômen e das mamas.
A ultrassonografia também é usada em situações como essa. Ela é feita para o veterinário saber se não se trata de uma gravidez verdadeira, além de verificar se o cão não está com tumor, seja benigno, maligno ou não-neoplásico, este último sendo muito comum em gravidezes psicológicas.
Mas lembre-se que mesmo você observando todos os sinais, físicos ou comportamentais, a única pessoa capaz de fazer esse diagnóstico é o veterinário. Então, se notar algo diferente, não deixe de procurar por esse profissional.
Quais são os cuidados e tratamentos da pseudociese?
A principal e talvez a mais importante forma de tratamento contra a gravidez psicológica é a castração do animal, que também serve como prevenção. Normalmente neste procedimento é retirado os ovários, útero e trompas, além das próprias mamas.
Além de evitar novos quadros, sabemos que a castração em fêmeas previne o câncer de mama, e isso, por si só, já vale a pena esse cuidado com o seu pet.
O que fazer para secar o leite da cadela com gravidez psicológica?
Usando remédios para parar a lactação do pet, os chamados antigalactogênicos. Como, por exemplo, a metergolina, que cessa a ação da prolactina, parando com a produção de leite.
Além disso, os veterinários também recomendam o uso do colar, pois isso evita que a fêmea lamba as mamas, o que não é recomendado, isso porque lamber a região acaba estimulando ainda mais a produção do líquido.
Em outros casos é recomendado uma dieta absoluta de 24 horas e depois uma outra de 48 horas apenas com líquidos.
Você pode igualmente tentar distrair o animal com atividades, como passeios ou brincadeira em casa, por exemplo. Aproveite esse período para tirar o objeto que o cão acabou adotando.
Existem fatores de risco?
Sim, apesar de na maioria dos casos ser um processo natural do corpo por conta da produção de hormônios, existem algumas situações que podem influenciar no desenvolvimento deste problema.
Como, por exemplo:
- Tratamento com uso de antiprogestágenos ou progestágenos;
- Após o término de tratamento usando essa substância ou com hormônios similares;
- Após tratamento com prostaglandina;
- Após uma castração durante o diestro – cerca de três a quatro dias depois.
Em todas essas situações, o animal é exposto a grandes doses de progesterona, seguida de uma queda brusca. Por isso a gravidez psicológica pode acontecer nestes casos.
Conclusão
Apesar de ser um quadro comum e afetar cerca de 70% das cadelas, você pode evitar isso com uma atitude bem simples: a castração.
Mesmo sendo um processo e uma recuperação mais demorada para as fêmeas, esse gesto não só evita a gravidez psicológica, como também outros problemas mais graves.
É por isso que sempre comentamos que ter um pet é uma grande responsabilidade, não só emocional, mas financeira também, pois ela ou ele vai depender de você para o resto da vida. Sendo assim, pense muito bem antes de adotar um animal.
É uma responsabilidade enorme e nem todo mundo está apto para isso.
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